O agronegócio brasileiro, tradicionalmente um dos pilares da economia nacional, enfrenta um momento desafiador. De acordo com dados divulgados pela Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário cresceram 147% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Cenário Econômico e Pressões no Campo
O aumento expressivo nos pedidos reflete uma combinação de fatores econômicos e climáticos que afetaram diretamente a saúde financeira dos produtores rurais. Entre os principais motivos, destacam-se:
- Queda nos preços de commodities, como soja e milho, impactando a receita dos produtores;
- Altas taxas de juros, que encarecem o crédito rural e dificultam a rolagem de dívidas;
- Endividamento acumulado nos últimos anos, impulsionado por investimentos em tecnologia e expansão de produção;
- Eventos climáticos extremos, como secas prolongadas ou excesso de chuvas, que comprometeram a produtividade em diversas regiões.
Dados em Detalhe
O estudo da Serasa mostra que o setor agro lidera o crescimento nos pedidos de recuperação judicial entre os principais segmentos da economia brasileira. O levantamento considera empresas de diferentes portes, desde pequenos produtores até grandes grupos do setor.
Segundo os especialistas, muitos produtores recorreram à recuperação judicial como alternativa para reorganizar suas dívidas e preservar a continuidade das atividades no campo.
O Que É a Recuperação Judicial?
A recuperação judicial é um mecanismo previsto na legislação brasileira (Lei nº 11.101/2005) que permite a empresas em dificuldade financeira renegociarem suas dívidas com credores, sob supervisão judicial, buscando evitar a falência e manter a atividade econômica.
No agronegócio, esse recurso tem se tornado mais comum, especialmente após mudanças legais que facilitaram o acesso de produtores rurais pessoas físicas ao processo de recuperação.
Perspectivas para o Setor
Economistas e analistas apontam que, apesar do momento adverso, o agronegócio possui grande capacidade de recuperação no médio e longo prazo. No entanto, é essencial a reestruturação de dívidas, apoio governamental e políticas de crédito mais acessíveis para mitigar os riscos de insolvência e preservar a cadeia produtiva do setor.
A expectativa é que, com a melhora nas condições climáticas e estabilidade nos mercados internacionais, parte das dificuldades enfrentadas em 2025 possa ser revertida em 2026.
